Quando o celular vira companhia demais: o alerta por trás dos dados sobre idosos e telas
- Magno Três Figueiras SP
- 13 de jun.
- 2 min de leitura
A presença digital de pessoas idosas tem avançado de maneira significativa. Uma matéria recente do GZH traz dados que escancaram essa realidade.

Segundo a pesquisa da Pnad Contínua, 66% da população com mais de 60 anos acessou a internet em 2023 e, entre os conectados, 86,5% a utilizam todos os dias. O dado, que poderia parecer sinal de inclusão digital, traz consigo uma preocupação que vai além da tecnologia.
"Não se trata aqui de demonizar o celular ou os meios digitais. Muito pelo contrário: eles são ferramentas importantes, especialmente quando possibilitam o contato com filhos, netos e o mundo lá fora. Mas quando passam a ocupar o espaço de vínculos presenciais, de trocas cotidianas, do convívio humano, temos um sinal de desequilíbrio."
No São Pietro Sênior, braço de investimento do São Pietro Hospitais e Clínicas e operador da rede de senior livings do Grupo, esse debate já estava presente desde a concepção do Magno Três Figueiras São Pietro. Pensamos em cada ambiente, cada detalhe, com um olhar para a promoção da convivência, como rodas de conversa, atividades integradas, momentos coletivos de lazer e cuidado. A arquitetura dos espaços, os programas de atividades e a abordagem multidisciplinar foram pensados para favorecer o que, para nós, é essencial: a socialização como ferramenta de saúde.
O uso excessivo de telas entre os idosos pode ser reflexo de uma rotina sem estímulos, de vínculos fragilizados, da ausência de propósito no dia a dia. E isso, muitas vezes, ocorre mesmo em estruturas onde não falta assistência física. A saúde mental e emocional também precisa de espaço, de escuta, de presença. De vida compartilhada.
O que dizem os estudos?
De acordo com um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais, o uso excessivo de celulares entre idosos está associado a um aumento de transtornos mentais, como a nomofobia, que é o medo de ficar sem o celular. Esse uso excessivo também pode afetar a saúde mental dos idosos, aumentando os riscos de depressão, isolamento e declínio cognitivo. Por outro lado, há pesquisas que indicam que o uso moderado de smartphones pode ajudar a proteger os idosos contra problemas cognitivos com o passar do tempo.

A tecnologia é bem-vinda. Mas ela deve servir à vida, e não ocupar o lugar da vida. Quando o digital se sobrepõe ao humano, é hora de olhar com atenção.
Incentivar o uso consciente do digital, sem perder de vista a riqueza das interações humanas, é um caminho fundamental para um envelhecimento mais ativo, saudável e pleno. E é também uma responsabilidade de todos nós como famílias, profissionais e instituições criar ambientes onde o idoso não apenas viva, mas conviva, se expresse, se sinta parte.
Quando uma tela se torna a principal relação do dia, é sinal de que algo está faltando. E fingir que não vemos isso é negligenciar o que realmente importa: o direito de envelhecer com vínculo, com propósito e com presença verdadeira.
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Por Dr. Luciano Zuffo
Sócio fundador e Médico do Grupo São Pietro Hospitais e Clínicas
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