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Impacto do Envelhecimento na Saúde no Brasil

Foto do escritor: Magno Três Figueiras SPMagno Três Figueiras SP

O envelhecimento da população é um fenômeno global, e o Brasil não é uma exceção. Com uma previsão de que a proporção de pessoas acima de 60 anos alcance 32,8% da população até 2060, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o impacto desse fenômeno nas áreas de saúde pública e saúde suplementar é profundo e multifacetado. Neste exploro as implicações do envelhecimento sobre esses sistemas de saúde, as expectativas futuras e os sinais, que podem indicar mudanças necessárias na abordagem para lidar com as consequências deste novo cenário demográfico.


O aumento da população idosa traz uma nova dinâmica para os planos de saúde. Utilização de serviços de saúde por esse grupo etário tende a ser significativamente maior, resultando em um aumento das despesas com tratamentos e uma pressão crescente sobre os planos de saúde. Algumas das principais consequências incluem:


-  Aumento da Sinistralidade:

 A sinistralidade refere-se à relação entre o valor pago em sinistros e o valor arrecadado em mensalidades. Com o aumento de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e problemas ortopédicos entre os idosos, os custos de atendimento aumentam, impactando a sustentabilidade financeira dos planos.


- Necessidade de Novos Produtos:

Os produtos oferecidos pelas operadoras de saúde precisam ser adaptados para melhor atender à população idosa. Planos com ênfase em cuidados geriátricos, fisioterapia, cuidados paliativos e gerenciamento de doenças crônicas se tornarão cada vez mais relevantes.


- Mudanças no Perfil dos Usuários:

 A nova geração de idosos está mais bem informada e é mais exigente em relação ao atendimento. A expectativa de um serviço personalizado e de qualidade aumenta, exigindo que as operadoras se adaptem rapidamente a essas novas demandas.

Na esfera pública, o envelhecimento da população resulta em uma série de desafios adicionais para o Sistema Único de Saúde (SUS):


- Aumento da Demanda por Serviços:

 O aumento do número de idosos representa uma pressão significativa sobre os serviços de saúde pública, necessitando de maior planejamento e recursos para atender adequadamente essa demanda.


- Gestão de Doenças Crônicas:

 Com o aumento da expectativa de vida, a incidência de doenças crônicas também cresce. A gestão proativa e a implementação de programas de saúde preventiva e promoção de saúde serão cruciais para evitar a sobrecarga dos serviços.

 

- Integração de Serviços:

A necessidade de integrar cuidados de saúde com assistência social se torna prioritária, com a criação de um modelo que vincule saúde e suporte social, promovendo a continuidade do cuidado e a qualidade de vida dos idosos.


Nos próximos anos, espera-se que tanto o setor de saúde suplementar quanto o SUS busquem mecanismos para adaptar suas estruturas para melhor atender a demanda crescente. Isso pode incluir:


- Inovação nos Planos de Saúde:

O desenvolvimento de novos produtos e serviços que atendam às necessidades específicas dos idosos, incluindo tecnologia de telemedicina, programas de acompanhamento de doenças crônicas e benefícios que incentivem um estilo de vida saudável.


- Capacitação de Profissionais:

A formação e reciclagem de profissionais da saúde para lidar com a complexidade do atendimento geriátrico são essenciais, focando na comunicação, empatia e nos cuidados centrados no paciente. Infelizmente ainda o pensar nos processos que tangem a geriatria ainda são muito poucos ou inexistentes, um exemplo e o cuidador de idosos que hoje possui uma muito precária frente ao desafio desta profissão.


A médio prazo, as iniciativas de saúde pública devem fortalecer programas de prevenção e promoção da saúde que façam parte do cotidiano das pessoas idosas. Isso inclui:


- Campanhas de Conscientização:

 A promoção de hábitos saudáveis por meio de campanhas educativas pode ajudar a prevenir doenças e a promover a qualidade de vida.


- Modelos de Cuidado Baseado em comunidade:

 Implementação de cuidados que são centrados na comunidade e que englobem suporte aos idosos e suas famílias, permitindo uma melhor integração e acesso aos serviços de saúde.


No longo prazo, o Brasil poderá ver uma transformação significativa na forma como os serviços de saúde são prestados e como os idosos são tratados:


- Tecnologia Integrada:

O uso de tecnologias emergentes, como inteligência artificial e big data, para o monitoramento da saúde, previsões de surtos de doenças e melhor gestão de recursos será essencial.


- Políticas Públicas Alinhadas:

 A integração de políticas de saúde e assistência social que reconheçam a diversidade da população idosa e promovam a participação ativa deste grupo na sociedade, focando na promoção de um envelhecimento ativo e saudável.


Alguns cenários que poderão sinalizar a necessidade de mudanças e reorganização da gestão incluem:


- Aumento das Queixas de Insatisfação:

Um aumento significativo nos índices de insatisfação com os serviços de saúde, tanto públicos quanto privados, pode sinalizar a necessidade de reavaliação dos serviços oferecidos.


- Taxas Crescentes de Doenças Crônicas:

O monitoramento das taxas de doenças crônicas entre a população idosa pode ser um indicador da eficácia de programas de saúde e prevenção.


- Movimentos Sociais:

 A mobilização de grupos de idosos por melhores condições de saúde e serviços pode indicar um crescente empoderamento dessa população, exigindo mais atenção dos gestores e responsáveis pela saúde.


Contudo, o envelhecimento populacional no Brasil apresenta desafios significativos tanto para a saúde suplementar quanto para o sistema público. É fundamental que tanto o setor privado quanto o público se preparem para um futuro em que as demandas dos idosos sejam cada vez mais complexas. Com uma abordagem proativa e integrada, há a possibilidade de não apenas atender a essas necessidades, mas também de promover um envelhecimento saudável e ativo, beneficiando toda a sociedade. A capacidade de adaptação e inovação será crucial para lidar com essa realidade emergente, garantindo uma melhor qualidade de vida para todos os brasileiros à medida que envelhecem.


Autor:

Dr. Luciano Zuffo

Sócio-Fundador do Grupo São Pietro

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